Não me sinto aliviada
Atafulham-se com palha antiga, os sítios recentes. A dor excruciante pede que se ocupe o pensamento com superficialidades. Também arde tudo cá dentro. Torna-se quase insuportável respirar.
Teme-se ceder à dor e ir com ela... perder o tino nunca pareceu estar tão perto. Não fora a teima de se continuar agarrado ao juízo com unhas e dentes como a única tábua de salvação e poder ser isso ainda, o que (me)nos salve.
Suspira-se da cabeça, aos pés, numa lenta e sofrida expiração, gutural... de tal forma que, nunca se julgou ter tanto ar cá dentro. Conseguir dar este balanço todo para o expelir.
O caleidoscópio reproduz imagens, que giram e giram. Estou no fundo do pontão perto de mais da rebentação. Olho à volta e todos os faróis estão às escuras. Nem no branco da espuma encontro paz.
O perfume que era para ti está sem dono. E eu? Também ando à deriva sem saber onde pertenço.
Porque a minha tristeza e desamparo, são de uma profundidade sem medida. Mas ver e sentir a tristeza dos outros sem poder obliterá-la, é... ainda pior.